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Chuva excessiva exige maior atenção com ciclo produtivo, pragas e doenças

Produtores precisam ficar atentos à interferência do clima no ciclo da nogueira, que já apresenta oscilações na brotação, e também às pragas e doenças. Enquanto a seca castiga estados do norte e nordeste do Brasil, o sul do país está registrando chuvas muito acima da média nos últimos meses em decorrência do fenômeno El Niño. Consequentemente, as nogueiras-pecãs vêm recebendo umidade excessiva e menos horas de luz solar, o que interfere em sua brotação e polinização e aumenta o risco de pragas e doenças. Nesse contexto, os pecanicultores precisam estar atentos e tomar medidas preventivas para evitar prejuízos na produtividade e qualidade dos frutos.


“Quando o inverno não tem um período de frio concentrado, apresentando oscilações térmicas acima do normal, como ocorreu este ano, as nogueiras não têm uma brotação uniforme, ou seja, a mesma planta pode apresentar brotos com folhas completamente desenvolvidas e gemas que ainda estão começando a brotar”, explica o engenheiro florestal Igor Poletto, mestre e doutor em engenharia florestal e coordenador do curso de graduação Tecnologia em Fruticultura da Universidade Federal do Pampa Unipampa), Campus São Gabriel/RS. Ele acrescenta que dias muito úmidos e chuvosos interferem na polinização, pois os grãos de pólen ficam molhados e não se dispersam com o vento. Por sua vez, a baixa polinização interfere na quantidade de frutos que a planta vai produzir. Já a menor quantidade de horas de sol vai interferir na fotossíntese da planta e, consequentemente, na capacidade de segurar os frutos e no enchimento das amêndoas. “Os primeiros sinais da ação do clima nos pomares de nogueira-pecã já vêm sendo observados na forma de brotações desuniformes e pouco vigorosas, com as primeiras folhas apresentando um verde esmaecido”, constata

Pragas e doenças


Outro problema ao qual os produtores precisam ficar atentos e que pode limitar a produção e a qualidade dos frutos são pragas e doenças. “Pomares muito adensados

e solos pouco drenados deixam as plantas mais suscetíveis”, frisa. Segundo o engenheiro, em pomares jovens, as formigas-cortadeiras (Atta e Acromyrmex) são as pragas que causam os maiores prejuízos em épocas de muita umidade. Nos pomares adultos, destacam-se as brocas (Xyleborinus spp.), o pulgão-amarelo (Monellia caryella) e o serrador (Oncideres dejeani). No que diz respeito às doenças, se sobressaem as que causam manchas nas folhas e nos frutos: a sarna (Cladosporium spp.), a mancha-marrom (Raghnildiana diffusa), a mancha-de-pestalotiopsis (Pestalotiopsis clavispora e Pestalotiopsis cocculi) e a antracnose (Colletotrichum nymphaeae). “Essas doenças são fortemente beneficiadas quando ocorrem dias seguidos com neblina ou molhamento foliar, pois os esporos dos patógenos precisam de umidade para germinarem sobre folhas e frutos e começarem a infecção”, comenta.


Prevenção


Nesse tipo de condição climática, o manejo do pomar deve ser mais preciso para evitar as consequências negativas. No que diz respeito ao ciclo vegetativo da nogueira-pecã, Poletto afirma que estudos em campo têm demonstrado que o uso de indutores de brotação tem proporcionado efeito positivo, principalmente na homogeneização do tempo de brotação e no aumento do número de brotos laterais, importantes para a emissão de flores e frutos. Quanto à incidência de pragas e doenças, a aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica antes da brotação é importante. “O controle biológico utilizando fungos e bactérias benéficos tem se mostrado muito promissor”, complementa. E indica a leitura do livro ‘Nogueira-pecã: identificação e manejo de doenças’, lançado pela Editora UFSM (informações no link) contendo a descrição de todas as doenças que afetam a nogueira-pecã no Brasil e as recomendações de manejo. Cuidados contínuos Poletto ressalta, no entanto, que os cuidados que o pecanicultor deve ter para que o pomar não fique à mercê do clima começam pela escolha do local onde será implantado. A área deve ter solos profundos, bem drenados e com boa incidência solar.




''O preparo do solo antes do plantio das mudas também é necessário, corrigindo suas deficiências químicas, físicas e biológicas. “Evite adubações pesadas. Apenas forneça os nutrientes necessários, sempre com base em um laudo de análise química de solo ou de folhas”, pontua. A escolha de mudas com padrões necessários, além de variedades mais adaptadas às condições do local, é outra importante orientação, assim como o espaçamento de plantio, pois evita pomares muito adensados, que geram microclimas propícios para a proliferação de pragas e doenças. A poda correta também é fundamental''.

O engenheiro orienta, ainda, a utilização de plantas de cobertura o ano todo, protegendo o solo, estocando nutrientes e proporcionando um ambiente adequado para o estabelecimento da sua microbiota. “Os microrganismos potencializam a disponibilização e a absorção de nutrientes para a planta, protegem contra patógenos e

ajudam a nogueira a superar situações de estresse”, justifica. Por fim, indica a busca da orientação técnica de um profissional com experiência na cultura e a atualização com os boletins técnicos que o IBPecan publica sempre que surgirem dúvidas quanto ao manejo do pomar.





Igor Poletto, engenheiro florestal mestre e doutor em engenharia florestal e coordenador do curso de graduação Tecnologia em Fruticultura da Universidade Federal do Pampa Unipampa), Campus São Gabriel/RS
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