Aumento da qualidade e do valor do produto são principais metas da família de pecanicultores da Granja Estrela Mariana.
Compreender que a cultura da pecan traz resultados a longo prazo foi o desafio inicial da família de pecanicultores da Granja Estrela Mariana, de Santa Maria/RS. O combate às formigas-cortadeiras foi o segundo. Já as intempéries, como em toda atividade agrícola, continuam sendo desafios diários. “Hoje, nosso foco está na ampliação da irrigação no pomar e no aumento do
valor do produto, almejando um preço justo”, destaca a produtora Vanessa Petry do
Canto, doutora em química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
atualmente dedicando-se exclusivamente à administração da propriedade.
O pai de Vanessa, Mario José Birnfeld do Canto, é médico, mas sempre gostou de morar
no meio rural. Certo dia, ele e sua esposa, Leila Comassetto do Canto, ouviram na rádio
uma propaganda sobre a cultura da noz-pecã no Rio Grande do Sul e resolveram buscar mais informações a respeito do assunto. Em 2009, deram início ao plantio das primeiras mudas de nogueira em 0,4 hectare. Na época, a área de terra era menor e utilizada basicamente para residência. Agora, a propriedade tem um total de 30 hectares, sendo 12 deles destinados à pecan com diferentes anos de implantação. Em 2012, foi plantado mais 1,2 hectare; em 2014, 0,4 hectare; em 2016, 0,6 hectare; em 2019, 6,8 hectares; e em 2021, mais 2,6 hectares. Somente uma parte do pomar está na idade produtiva. “No
ano de 2022, tivemos uma perda grande em função da seca, mas, em 2021, nossa safra foi de 2,3 toneladas de nozes”, relata a pecanicultora. A produção é praticamente toda vendida com casca à indústria beneficiadora em Cachoeira do Sul/RS.
Irrigação
A granja é bastante abençoada em termos de mananciais de água. Há vertentes que abastecem três açudes em uso. Um quarto açude foi construído, mas não tem se mantido cheio em função da seca dos últimos anos. A irrigação abrange parte do pomar, com um sistema baseado no modelo de microaspersão que foi projetado por Mario. O objetivo é ampliar a área irrigada progressivamente. “A irrigação é essencial para a melhoria da produtividade e da qualidade das nozes, pois contribui para a diminuição de perdas e o aumento do tamanho dos frutos”, ressalta Vanessa. O investimento em maquinário também vem sendo feito ao longo dos anos.
No presente momento, a propriedade dispõe de um trator médio John Deere 5055E com o qual é feita a roçada dos pomares, a irrigação manual e, na época da colheita, ele tem a função de shaker por meio de uma adaptação em um implemento feita por um funcionário. “Nossa próxima aquisição, com certeza, será um shaker de tronco”, observa. Para cortar a grama, há dois tratores pequenos (John Deere D130 e Trotter da Tramontina). E para fazer as podas, estão disponíveis um podador a gasolina e podadores manuais, mas está nos planos a compra de mais equipamentos destinados à tarefa.
Parceria
Vanessa destaca que fazer parte do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) tem sido fundamental ao longo desses anos nos quais a família vem se dedicando à produção da pecan. “A ampliação do conhecimento sobre a cultura, a integração com outros produtores, as discussões sobre qualidade, mercado, desafios e parcerias são muito importantes e agregam valor à nossa atividade”, frisa.
No que diz respeito às expectativas para o futuro da pecanicultura brasileira, ela cita, a curto prazo, a melhoria da qualidade dos frutos, especialmente com relação à plementação de irrigação nos pomares. “A médio e longo prazos, esperamos aumento do consumo interno e externo para que possamos ter bons mercados para nossas pecans”, cita. Nesse contexto, deixa um recado para todos os produtores de pecan no Brasil:
“Sejam perseverantes! E, conforme conselho da diretoria do IBPecan, que possamos sempre nos enxergar como parceiros e não concorrentes”, conclui.
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