Este post faz parte da Edição nº 01 do Informativo mensal do IBPE (dezembro/2019)
Opinião do Leitor:
Os custos por hectare para construir um pomar de pecan estão ao redor de R$ 65.000,00, considerando terra, construção, irrigação, tempo para começar a produzir e infraestrutura. Amortizando em 15 anos temos um custo de R$ 4.300,00/ano.
A partir do sexto ano estimamos um custo de produção entre R$ 8.000 a 9.000,00 ha/ano. São as condições sob o nosso controle. Com um câmbio de R$ 4,00 por dólar, temos um custo total de USD 3.200,00/ha e uma saída de caixa de USD 2.125,00. São custos em linha com a Argentina a África do Sul. México e EEUU estão bem acima. E isto mostra que somos competitivos.
Esperamos uma produção por hectare no sexto ano de cerca de 450 quilos; sétimo ano, 750 quilos; oitavo ano, 1.000 quilos; e nono ano, 1450 quilos. Do décimo ano em diante temos o pomar adulto e produção entre 1.650 e 2.000 quilos. Isto está em linha com a produção de outros países.
Os preços de vendas praticados nos mercados por quilo foram:
Ano EEUU Brasil /RS
2013 3,85 3,77
2014 5,6 4,15
2015 4,74 3,74
2016 6,00 5,09
2017 5,90 3,69
2018 6,10 3,10
*2019 6,50 2,50
Com os preços praticados no ano de 2019, aproximadamente USD 2,50 quilo ou R$ 10,00, necessitamos de 1000 quilos para empatar o caixa e 1280 quilos para pagar os custos. Nossa produtividade atual é menor do que 1000 quilos. E isto não está em linha com outros países.
Temos um pouco mais de 4.000 hectares de pecan adultos, com uma produção de 3.700 toneladas. Considerando que nos últimos seis anos foi vendido aproximadamente 1.000.000 de mudas e mesmo que 20% não tenham frutificado, 800.000 entrarão em produção nos próximos anos. Cerca de 8.000 hectares, já com um nível tecnológico melhor, deverão produzir 1.500 quilos por hectare e serão 12.000 toneladas e mais as 4.000 toneladas atuais perfazendo 16.000 toneladas em 2025. Talvez um pouco mais. Mesmo sendo otimista não vemos possibilidade do consumo nacional aumentar em quatro vezes nos próximos seis anos.
Teremos uma super oferta de nozes-pecan, tornando difícil a vida dos produtores e da indústria atual.
Considerando os problemas originados em parte pelas mudas compradas, da deriva de defensivos, dos preços de venda praticados, concluímos que os produtores têm um dever de casa considerável a ser realizado a curto prazo.
Entendemos que é possível vender nozes a USD 3,5 a 4,00 no mercado internacional. Factível uma produtividade de 1500 quilos. Assim, melhoramos o faturamento por hectare de 900 quilos a USD 2,50 = USD 2250 para USD 6.000,00 gerando uma margem de contribuição de USD 2.800 por hectare/ano e afastando uma perda de USD 950,00 hectare/ano. A qualidade das nozes tem que ser melhorada pelos cuidados e capricho dos produtores e exigências dos clientes.
Como os preços internacionais só tem aumentado nos últimos anos, talvez possamos sonhar com resultados entre USD 4.000,00 e 5.000,00 por hectare/ano. É um bom resultado. Longe de ser o lucro de R$ 40.000 ou R$ 60.000,00 por hectare, divulgado por alguns vendedores de ilusões.
''A realidade é como é. Um problema bem analisado e bem definido já tem a metade da solução feita. Administrar um negócio ou um setor é administrar o seu futuro. Administrar o seu futuro é administrar informações. Produzir nozes pecan é produzir saúde para as pessoas. São florestas que sequestram carbono da atmosfera. Temos, solo, clima, boa estrutura agronômica e gente que necessita de trabalho''.
Lincon dizia que, quando o estrategista erra, o soldado morre. Nossas lideranças assumiram o grande propósito de fazer este segmento da produção dar certo. Liderar tem a ver com mudanças e transformações. As partes interessadas não aceitam mais serem enganadas. Postura ética, responsabilidade, transparência, confiança, união, são os valores que estão sustentando a busca permanente de soluções desta nova geração de pecanicultores.
Vamos ajudar a fazer dar certo. O IBPcan tem mais de 60 associados num universo de mais de 1200 produtores. Destes mais de 250 são produtores com áreas maiores de 10 hectares. Já exigem um mínimo de profissionalização para sua viabilidade econômica.
Autor: Eduardo Basso, produtor e associado IBPecan.
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