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News Semanal IBPecan: Edição Clima RS

Semana 10/05/24


Com pomar arrasado pelas fortes chuvas, pecanicultora diz que ''o tempo não se compra de volta''


Em um áudio emocionado, Nadine Marin, esposa do produtor Luiz de Rossi, contou que perderam tudo. Em Cotiporã, o casal tinha um pomar com árvores entre 10 e 15 anos, já em produção, de quatro hectares. Além disso, todo o viveiro com 30 mil mudas foi levado pelas águas. Toda a estrutura também foi destruída. 


A pecanicultura, que está sem energia elétrica na propriedade, foi taxativa ao dizer que não há o que fazer, além de seguir em frente. “Essas são as perdas de maior valor, mas não é só isso, são perdas que dinheiro não compra. O tempo a gente não compra para montar um pomar de novo”, desabafou.


Após chuvas, a corrida é para colher o que restou, em pomar de Pantano Grande


Com um pomar localizado em área de Coxilha leve, o produtor Demian Segatto conta que as chuvas causaram danos com abertura de valetas, mas não houve danos às árvores. A propriedade localizada em Pantano Grande teve, contudo, dificuldade de entrar com o maquinário para a colheita. Ele relata, também, que com as perdas pessoais dos funcionários, foi necessário se dedicar ao trabalho de assistência. “Primeiro tivemos que apoiar nossos funcionários a se reestruturar, verificar um a um quais eram as necessidades, o que estavam precisando e passando para conseguirem deixar suas casas em condições mínimas de segurança para poderem ir ao trabalho”, conta. 


Quanto às frutas colhidas, Segatto relata sobre as dificuldades no armazenamento em câmara fria por conta da instabilidade do fornecimento de energia. Além disso, alguns pomares apresentaram ocorrência de viviparidade, ou seja, quando a fruta germina antes de cair no chão. “Condições climáticas de umidade e um pouco de calor fazem com que a fruta germine e a partir disso ela não é mais comestível, então teremos perda de produtividade”. O produtor diz ainda que está com 20% do pomar colhido e como houve amadurecimento simultâneo, a expectativa é de colher toda a safra antes que ocorram ventos fortes que derrubam as frutas no chão, causando perda de qualidade muito grande devido à absorção de umidade.


Pecanicultor pede auxílio para armazenagem de safra


O pecanicultor e associado do IBPecan, Lailor Garcia, tem uma propriedade de 7 hectares na localidade de Porteira Sete, em Cachoeira do Sul, e já colheu 3 hectares, que são os chamados pomares produtivos. “Nosso problema, no momento, é a logística. Não temos acesso aqui no local devido às cheias dos rios e isso está nos dificultando um pouco em função do espaço para armazenar essa fruta. Em 3 hectares colhemos algo em torno de 5 mil quilos”, contabiliza. Fora isso, Garcia informa que, felizmente, não teve grandes transtornos porque a água não chegou a atingir o pomar. “Nos preocupa, sim, essa questão da armazenagem. Para o ano que vem, precisamos providenciar espaço para que possamos beneficiar e armazenar a safra por mais dias”,  observa.


Outra questão apontada por Lailor é a necessidade de acesso a investimento para infraestrutura, já que o pequeno e o médio produtor, para produzir pecan, precisa ter uma renda fora da propriedade. “Só com a renda da propriedade tu não consegue produzir e tecnificar um pomar de pecan. Por isso, tu não consegues te enquadrar no Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) onde é possível ter juros mais baixos para investir em estrutura de beneficiamento e armazenagem da pecan. Isso praticamente inviabiliza o acesso ao crédito para concluir essa etapa da estrutura do cultivo”, conclui. 


Correção dos sulcos no solo e mantê-lo coberto é orientação 


O engenheiro agrônomo Júlio Medeiros orienta os produtores de noz-pecã, prejudicados com as enxurradas no Rio Grande do Sul, a abreviarem o quanto antes o processo de colheita, ou seja, devem recolher o que já caiu e, a seguir, retomar a colheita mecanizada, para quem tem equipamentos. Medeiros ressalta que o processo de secagem não pode ser apressado e a temperatura de secagem não deve ser superior a 32 graus sob pena de comprometer a qualidade da noz-pecã.


Em relação ao solo, em áreas com declividade mais acentuada, será necessário uma cobertura com correção de sulcos que tenham aparecido. Outra medida importante referida pelo especialista é, para esses períodos de chuvas frequentes, manter o solo coberto, tanto com plantas de cobertura de verão, perenes e anuais, quanto com plantas de cobertura de inverno. Por fim, Medeiros ressalta também a necessidade de separação das nozes a serem recolhidas do solo e que ficaram  comprometidas com a qualidade em função destes dias em contato com a umidade, e daquelas a serem colhidas com o shaker, para que não comprometam também a qualidade do produto a ser colhido das plantas. 



Foco do produtor deve estar na secagem imediata dos frutos


A cultura da pecan foi impactada, primeiramente, pelas fortes chuvas no início do ciclo produtivo, prejudicando a polinização. Agora, na fase de colheita, um desmesurado evento climático tem trazido dificuldades, não somente para colher, como também depreciando a qualidade dos frutos, ocasionando perdas de solo dos pomares que terão impactos nos próximos ciclos, dificuldades logísticas, estruturais, sociais, entre outros.


O Engenheiro Agrônomo Tales Poletto garante que, neste momento, os desafios de efetuar a colheita e a secagem imediata dos frutos, sem deixá-los cair no chão, são maiores. “A escassez de mão de obra rural, os solos encharcados, as estradas danificadas e os dias de chuva e alta umidade relativa, exigirão mais perspicácia e planejamento nesta fase tão importante para o pecanicultor”, garante. 


Embrapa aguarda desdobramentos da catástrofe climática para definir ações para pecanicultores


Ações de auxílio para recuperação de possíveis áreas degradadas pelas enxurradas ainda serão estudadas pela Embrapa. O pesquisador Carlos Martins relata que a Embrapa Clima Temperado ainda não tem informações precisas e pontuais, “haja visto que esta catástrofe ainda está em curso”. “Porém, temos a clareza institucional de que estaremos juntos, com a parceria de outras instituições/empresas, com ações de curto, médio e longo prazo, para apoiar o produtor de noz-pecã e de tantas outras atividades agropecuárias”, destacou. Segundo Martins, certamente, além de tantas outras preocupações, os danos causados aos pomares, produtores e, possivelmente, outros segmentos, nesta colheita e nas próximas safras teremos que permear ações em conjunto com o IBPecan e parceiros.


Redação: Agroeffective


       







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