Por Danielle Galvan
Essencial para o crescimento e o desenvolvimento das plantas, formação de frutos, brotação, qualidade de fruto, translocação de nutrientes, dentre outras funções, a água é um fator determinante para as nogueiras-pecã. Quando falamos em necessidade hídrica da planta, estamos falando da quantidade de água suficiente para manter a planta em pleno desenvolvimento e produção de frutos de qualidade. O fornecimento de água às plantas é essencial desde o transplante da muda até o início da produção de um pomar, por volta do sétimo ano após o plantio. A necessidade de água de uma planta recém-transplantada é de quarenta litros de água semanais caso não haja um acúmulo de precipitação de quarenta milímetros durante esses sete dias. Já uma planta em plena produção requer de 800 a 1.200 milímetros durante seu ciclo produtivo, que ocorre do mês de setembro até o mês de junho no sul do Brasil.
Tipos de solo
A água que a planta utiliza durante esse ciclo é aquela que está disponível no solo para absorção pelas raízes. Embora a pecan tenha uma raiz pivotante profunda, quem faz o papel de absorção de água para a planta são as raízes superficiais, chamadas de alimentadoras. Para essas raízes absorverem uma quantidade ideal de água, precisa-se conhecer o solo em que as plantas foram implantadas. Solos de textura argilosa, por exem- plo, acumulam mais água do que solos de textura arenosa, já que as suas estruturas determinam essa condição. Solos de textura argilosa têm mais microporos e solos de textura arenosa, mais macroporos. Portanto, os primeiros acumulam água mais facilmente.
A quantidade de água que a planta irá absorver do solo depende de vários fatores, dentre eles, a quantidade de água realmente disponível no solo e a evapotranspi- ração da planta. Cada planta possui uma taxa de evapotranspiração determinada pela região em que está inserida. Além disso, outros fatores, como temperatura, irradiação e umidade do solo, infiltração, permeabi- lidade do solo, drenagem e escorrimento de água, interferem nessa absorção.
Esses são os fatores levados em conta no momento em que se toma a decisão de instalar um sistema de irrigação no pomar. Ele pode ser instalado na implantação do pomar ou no pomar em produção. Além disso, pode-se instalar um sistema de irrigação no pomar com um a dois anos e depois alterar o sistema quando o pomar iniciar a produção. Por exemplo, podemos utilizar um sistema de irrigação por gotejamento no início do pomar e depois partir para uma microaspersão quando as plantas estiverem iniciando a vida produtiva. Essas decisões sempre devem ser tomadas mediante avaliação da área por um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) e pelo técnico que fará a instalação no pomar.
Principais sistemas
Os principais sistemas de irrigação são: irrigação por inundação e irrigação por pressurização (aspersão e gotejamento). Vamos tratar dos sistemas mais utilizados no Rio Grande do Sul, os que são feitos por meio de pres- surização, ou seja, irrigação por aspersão e por gotejamento.
Irrigação por aspersão e irrigação por gotejo englobam sistemas que utilizam mangueiras que levam água até os aspersores que distribuem a água no solo formando uma malha por cima desse, aspergindo água em um círculo. Já no gotejamento, esse sistema é abaixo do solo e a malha é formada por gotejos contidos na mangueira que leva água através do pomar. Esses sistemas utilizam bombas elétricas instaladas nos reservatórios que fazem a distribuição de água pelo pomar.
Mas por que você deve irrigar o seu pomar?
Bem, a água é o veículo de desenvolvimento das plantas, tem influência na formação das folhas e dos brotos, na floração uniforme, na produção dos frutos e no desenvolvimento normal das plantas. E ainda, falando em produção de frutos, a água tem influência na alternância de produção. Portanto, pomares jovens requerem manejo adequado de irrigação para crescimento e formação de um pomar de qualidade, pomares em produção requerem água para qualidade de frutos e plantas.
Em que momento irrigar?
Um dos estágios da planta que requerem maior atenção em relação à disponibilidade hídrica é o da floração, entre outubro e novembro. A falta de água nessa fase vai influenciar o amadurecimento das flores masculinas e a polinização da flor feminina. Já no mês de dezembro, ocorre um abortamento de frutos não polinizados ou que não possuem “força” para seguirem adiante. Nesse momento, a planta pode eliminar um número maior de frutos se estiver em déficit hídrico. Outro estágio que requer maior atenção é o da expansão do fruto, de janeiro a fevereiro: aqui a falta de água causa uma diminuição no tamanho do fruto. E por fim, no estágio de enchimento da amêndoa, que ocorre em fevereiro e março, não podemos deixar de fornecer água à planta sob pena de o fruto não se formar adequadamente. Portanto, esses estágios requerem atenção!
Quanto irrigar?
A quantidade para plantas pequenas até três anos é de, no mínimo, 40 litros de água por semana se não chover mais de 40 milímetros pelo menos dentro de sete dias. Para pomares em produção, deve-se utilizar o cálculo que vai depender da taxa de evapotranspiração da planta na sua região, do tipo de solo, do clima, da localização do pomar, do sistema de irrigação e da localização do pomar. Enfim, melhor consultar seu(sua) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nesse processo. Por fim, a nogueira, como qualquer outra frutífera, necessita de água para seu crescimento, desenvolvi- mento e produção de frutos de qualidade. Desde o plantio até o início da vida produtiva do pomar, é essencial atentar a esse fator tão importante. Se você pensa em produzir frutos de qualidade e competitivos no mercado, não deixe de observar esse manejo importante chamado manejo de irrigação.
Consulte seu(sua) engenheiro(a) agrônomo(a) e decida com ele(ela) qual o melhor sistema para o seu pomar. * Engenheira agrônoma e titular da Coordenação de Minor Crops do IBPecan.
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