Venda ao mercado externo também pode ser feita de forma conjunta por pecanicultores em volumes menores.
Engana-se, e muito, quem pensa que a exportação da noz-pecã e os preços atrativos e estáveis que o comércio exterior propicia são privilégios somente dos grandes produtores da fruta. Desde que estejam organizados e atendam aos critérios de qualidade exigidos pelo mercado internacional, todos os pecanicultores, independentemente do porte do seu pomar e do volume de sua produção, podem ir em busca de clientes fora do Brasil. Nesse sentido, estar associado ao Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) é bem mais do que meio caminho andado, pois a entidade é fonte de informações indispensáveis e favorece a capacitação, a união e o trabalho conjunto do setor.
Conforme informações do coordenador de Novos Mercados do IBPecan, Eduardo Basso, em 2022, houve exportação de três contêineres por parte de associados, ou seja, 100 toneladas de nozes com cascas, um volume menor do que no ano passado, quando foram vendidas perto de 400 toneladas ao exterior. Ele acrescenta que a venda de outros dois contêineres estão sendo negociada. “O que tem se observado nesta temporada é o crescimento significativo da exportação de nozes descascadas da parte de produtores brasileiros (não associados). Esse fato é muito importante, porque se trata do maior mercado lá fora”, ressalta.
Este ano, entre os exportadores de nozes com cascas associados do IBPecan, estão Paralelo 30 (um contêiner), Mauro Bonaldo (um contêiner) e o presidente da entidade, Demian Segatto da Costa, que consolidou um contêiner com 24.875 quilos de nozes para o Líbano, sendo 60% oriundos de sua propriedade e os outros 40% dos pomares dos pequenos produtores Ivanio Bremm, Arlindo Marostica e Francisco Marcelo Stenger Salvador. Quem também participou dessa iniciativa conjunta foi Eduardo Klumb e Pecanera Brasil, que, embora sejam produtores maiores, com 120 e 150 hectares respectivamente de área plantada, possuem pomares jovens, ou seja, ainda com volumes pequenos de produção. “A exportação conjunta é, portanto, uma oportunidade para pequenos produtores, mas também para pequenos volumes de nozes”, ressalta Demian.
Padrão
Contudo, para poder exportar mesmo em quantidades menores, o padrão de qualidade da fruta é determinante. “Com qualidade, nós conseguimos atingir mercados mais exigentes e, uma vez organizados, conseguimos alcançar os volumes necessários e fazer a preparação desses lotes para fechar os negócios de exportação”, afirma o presidente do IBPecan.
Ele complementa que, com a possibilidade de aumentar a exportação da pecan por esse caminho, mesmo quem não exporta será indiretamente beneficiado, porque, quando a fruta produzida no Brasil vai para mercados internacionais, diminui a oferta no mercado interno e, consequentemente, aumenta seu preço. “Esse fenômeno aconteceu este ano e vai acontecer nos próximos anos novamente. É um fenômeno saudável para todo nosso setor”, comemora.
Qualificação
Outro resultado do processo de exportação que Demian considera relevante é o fato de que o pecanicultor brasileiro está se qualificando para poder alcançar esses novos mercados. “Ele está buscando qualidade e buscando se adequar à norma do padrão horizontal de qualidade criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Com isso, todo mercado é puxado para cima em termos de qualidade, tanto a fruta que realmente é exportada quanto a fruta que acaba ficando no mercado interno”, destaca.
Para exemplificar, ele relata que não exportou toda sua produção, permanecendo com quatro toneladas de frutas classificadas como de não interesse do importador em questão, mas que, no entanto, passaram por todo o processo de qualidade necessário para exportação. Sendo assim, trata-se de um produto de padrão internacional que será destinado ao mercado interno.
Aprendizado
“Este ano foi de grande aprendizado para todos nós sobre como viabilizar a exportação para os pequenos produtores e para os pequenos volumes. Mas o pressuposto que faz esse processo ser viável é justamente nós estarmos no IBPecan e, consequentemente, estarmos próximos e podermos unir esforços para que essas ações sejam possíveis”, afirma. Ele acrescenta que a entidade é onde os pecanicultores viabilizam esses projetos conjuntos particulares dos seus negócios. “É no IBPecan que nasceu essa ideia que foi colocada em marcha em 2022 e que vai ser aprimorada nos próximos anos”, ressalta.
Conforme Demian, para que isso seja efetivamente possível, é necessário que o produtor, independentemente de seu tamanho, tenha um fruto com qualidade, que atenda aos requisitos do mercado internacional, com preço atrativo e que haja a capacidade de organização em relação a um local de beneficiamento e homogeneização desses lotes. Isso para que, na hora da certificação, haja certeza de que tudo o que está sendo exportado está dentro do mesmo padrão. “O comprador que receber esses produtos tem que ficar satisfeito com tudo que ele recebe e não com parte do que está lá dentro. Então a responsabilidade que se tem em relação a montar esses lotes é muito grande”, alerta.
Sinergia
Acrescenta que, uma vez atingido esse objetivo, o resultado é um mercado maduro, estável, que paga preços extremamente interessantes. Nesse sentido, aconselha a todos os associados que trabalhem da porteira para dentro, visando um produto de qualidade, e que se aproximem uns dos outros. “Porque, hoje, no IBPecan, nós temos uma grande sinergia no sentido de alcançarmos o bem comum. Sendo assim, estando dentro do Instituto, há essa possibilidade de criarmos laços de confiança e estabelecermos ações comuns que não sejam necessariamente da associação (que é uma entidade sem fins lucrativos), mas de grupos específicos de produtores, em parceria (aí, sim, visando negócios), como efetivamente ocorreu em 2022 e deve se repetir de uma forma mais bem organizada e com maiores escalas em 2023”, prevê.
Parabéns pela notícia, as informações apresentadas são importantes para todos nós produtores. A questão da qualificação sempre é um ponto relevante na nossa cadeia produtiva.