Durante evento promovido pela ABNC – Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas, no ultimo dia 27/04, especialistas brasileiros apresentaram resultados dos seus estudos.
Durante a webinar promovida pela ABNC, o Drº Euler Ribeiro, Médico Cardiologista, Pneumologista, Geriatra e Reitor da Fundação Universidade Aberta da 3ª Idade (UNATI), acompanhado pela Dra. Ivana Beatrice M. da Cruz, Diretora de Pesquisa Biogenômica da Universidade de Santa Maria-RS, apresentou dados sobre “As evidencias Cientificas das Propriedades Benéficas das Castanhas, Nozes e Amêndoas”.
Os estudos foram iniciados em 2008, ocasião em que a Universidade Aberta do Estado do Amazonas implantou um grande projeto de pesquisa para avaliar os indicadores de estilo de vida, saúde e longevidade dos idosos que viviam na área altamente urbanizada de Manaus e ribeirinhos de Maués, município que possuiu 175 comunidades distribuídas em rios e igarapés.
No inicio da pesquisa, Maués apresentava quase o dobro de idosos longevos – acima de 80 anos – em comparação a outros municípios do amazonas, sendo que o primeiro estudo comparativo apontou entre essa população uma menor prevalência de obesidade, diabetes, derrame, câncer e hipertensão, além de outras doenças. A partir desses dados, os pesquisadores passaram a investigar quatro grandes fatores que incidem sobre a saúde e longevidade – aspectos genéticos, de aptidão funcional relacionada à atividade física, estresse e nutrição -, que revelaram pouca influencia genética, porém, uma ótima aptidão funcional.
Na sequência, os pesquisadores começaram a investigar a influência da Dieta Amazônica, baseada no consumo de subprodutos da mandioca e do milho, além de uma grande variedade de peixes, na saúde e longevidade desses ribeirinhos. Na ocasião, foi detectado que essa população ribeirinha também consumia uma extensa variedade de frutas, fato que gerou um levantamento de evidências científicas relacionado a 20 frutos amazônicos, que deu origem ao livro “Dieta Amazônica”, de autoria do Dr. Euler Ribeiro e da Dra. Ivana Beatrice. A publicação, além de estimular inúmeros estudos brasileiros e internacionais sobre o assunto, trouxe uma nova visão sobre os alimentos consumidos na floresta que passaram a ser reconhecidos como parte da “Dieta Amazônica”.
Castanha do Brasil
A partir de 2016, os pesquisadores começaram a desenvolver estudos sobre a Castanha do Brasil, um dos frutos mais populares da Amazônia, reconhecido pelas suas características nutricionais, consumido na região in natura, como também através de farinhas, leite e óleo. O consumo diário de 2 castanhas do Brasil, rica em macro, micronutrientes e moléculas bioativas, proporciona um valor energético de 38,8 calorias, menor do que o valor de um copo de leite desnatado ou uma maça, por exemplo, e, pela alta concentração de gordura em sua matriz, promove alta saciedade não afetando o peso corporal. Os pesquisadores também destacam a gordura como um dos principais componentes nutricionais dessa castanha, que contém grande quantidade de ácidos graxos insaturados benéficos para a saúde, como o ômega 3, que possui propriedades anti-inflamatórias e representa 7% do total de gorduras do fruto.
Em relação às proteínas, a castanha do Brasil revela-se como uma excelente fonte de aminoácidos essenciais, como a leucina, que estimula a síntese de proteínas dos músculos e auxiliam na prevenção da atrofia muscular, comum em pessoas idosas, e a metionina, que fortalece o sistema imune. O fruto também é rico em moléculas bioativas importantes como polifenóis, fitoesteróides, fitatos e tocoferol que possuem atividade antioxidante, anticarcinogênica e anti-inflamatória. Além disso, o consumo de duas castanhas contribui para o aporte diário de micronutrientes como fosfora, potássio, magnésio e cálcio.
Selênio
Um dos mais conhecidos e importantes elementos da castanha do Brasil é o selênio, encontrado em grande concentração, principalmente na casca que rodeia a parte mais interna do fruto e que, segundo evidências epidemiológicas e experimentais, exercem um relevante papel na saúde humana. Porém, os pesquisadores alertam que esses estudos reforçam a ideia de que tanto a deficiência como o excesso de ingestão diária de selênio não são benéficos para a saúde, ressaltando que o consumo diário de duas castanhas do Brasil seria a melhor opção para a manutenção do nível, principalmente em relação aos suplementos disponíveis em farmácias, evitando-se os riscos de uma concentração inadequada no organismo.
Outro destaque da apresentação foi a relação do potencial efeito do selênio na infecção viral causada pela Covid-19. Citando artigos de pesquisadores noruegueses, que defendem que o suprimento adequado de alguns micronutrientes, como o selênio, é essencial para a resistência a outras infecções e redução de inflamação, e também de especialistas dos Estados Unidos, Austrália e Emirados Árabes, que evidenciam os efeitos imunomoduladores do selênio e de ácidos graxos no combate a Covid-19, presume-se que esta suplementação pode auxiliar na proteção ao novo coronavirus.
Reforçando a tese, os pesquisadores também apresentaram dados de um estudo experimental realizado por profissionais da China e Estados Unidos que mostra o forte efeito inibidor do selênio sobre a enzima que permite que o Sars-Cov-2 amadureça dentro das células e se espalhe, e análise realizada na Alemanha – que comparou pacientes que sobreviveram e morreram por Covid-19 – que detectou que esses últimos tinham uma menor concentração de selênio no sangue.
Com base nessas evidencias, os pesquisadores sugerem que o consumo de castanhas, nozes e amêndoas mostra-se como uma boa estratégia dietética para reforçar o sistema imunológico no combate a Covid-19.
Nozes e saúde
O potencial efeito das nozes na saúde e longevidade humana também foi abordado pelo Dr. Euler e Dra. Ivana Beatrice. Fonte de moléculas bioativas, como micronutrientes, lipídios, e polifenóis, entre outros, as nozes previnem doenças cardiovasculares, melhorando o perfil lipídico do sangue sem afetar o peso corporal ou a pressão arterial, as doenças neurodegenerativas onde, segundo ensaios clínicos internacionais, contribuem para a melhoria da função cognitiva e da memória, como também na redução do risco de diabetes. Outros benefícios também foram apontados em estudos internacionais, como a ação nos distúrbios gastrointestinais, inflamação crônica e também o potencial antitumoral da noz, devido a sua composição química intrínseca, no combate ao câncer da mama e próstata, entre outros.
Em suas considerações finais os especialistas reforçaram as características das castanhas, nozes e amêndoas como grandes aliados para a manutenção da saúde e qualidade de vida ao longo do envelhecimento humano.
Confira o webinar realizado pela ABNC Nuts:
Fonte informação: abncnuts.org.br
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