Colhendo Histórias com a Noz-Pecan:
- IBPecan

- 28 de jul.
- 4 min de leitura
Conheça os produtores de nogueira-pecan de Cachoeira do Sul e as trajetórias que fazem desse lugar uma terra de gente que cultiva com orgulho — e colhe com amor. Local será sede do ENAPecan, que será realizado nos dias 6 e 7 de novembro.
Episódio 1: Um dos sócios-fundadores do IBPecan, Giovanni Schneider possui um pomar de nogueiras em uma área de 8,5 ha, instalado na localidade do Piquiri, em Cachoeira do Sul-RS.
1. O que te motiva a continuar investindo na cultura da noz-pecan, mesmo diante dos desafios climáticos e de mercado?
Realmente, os desafios climáticos dos últimos anos são complexos e multifacetados, abrangendo desde o aumento da temperatura global e eventos climáticos extremos até a perda de biodiversidade e impactos na saúde humana.
No caso da cultura de nogueira pecan, entendo que os momentos mais angustiantes e sensíveis são o excesso de chuva na polinização e na reta final da colheita, e a falta de chuva e temperaturas elevadas no enchimento dos grãos, na época do verão, os quais influenciam diretamente no resultado da produção.
Já na comercialização da fruta, percebo que o setor vem sinalizando uma tendência de alta com preços mais justos, o que sugere uma recuperação e estabilização dos valores após certo período de desequilíbrio. Neste ano, o preço pago pelo quilo ultrapassou os R$ 22,00, se aproximando dos preços praticados em 2013 e 2014, nos quais os valores variaram entre R$ 18,00 e R$ 20,00.
Levando-se em conta estas considerações, o que me motiva a continuar investindo na pecanicultura é o potencial que ela tem e pode oferecer. Quando eu falo de noz pecan, eu falo de saúde, pois a fruta possui propriedades nutracêuticas devido à sua composição rica em nutrientes e compostos bioativos.
Ela é fonte de gorduras saudáveis, vitaminas, minerais e antioxidantes, que podem trazer benefícios para a saúde cardiovascular, proteção contra doenças crônicas e, ainda, auxiliar no controle do peso. Precisamos continuar investindo na divulgação das nozes para que as famílias brasileiras conheçam suas benesses para a saúde e passem a adotá-la como item integrante do cardápio diário.
''Além disso, outro fator que me motiva a continuar investindo é a possibilidade de explorar o seu potencial de aplicabilidade em outros setores da indústria''.
2. Qual foi o maior desafio que você já enfrentou no cultivo da noz pecan e como superou esse momento?
Como ainda estava pagando pela aquisição da propriedade, não dispunha de recursos para um investimento imediato. Então, tive de recorrer ao financiamento em instituição bancária para revitalizar o pomar velho e implantar o pomar novo, dentro das orientações técnicas disponíveis. O maior desafio está sendo obter o retorno, inviabilizado pelos desafios climáticos e pela impossibilidade financeira de implantar um sistema de irrigação comprovadamente eficaz.
E, como pequeno produtor, infelizmente, não é possível adquirir todos os materiais e equipamentos necessários à pecanicultura, situação que é solucionada por meio da contratação de prestadores de serviços.
3. Se você pudesse dar um conselho para quem está começando na pecanicultura, baseado na sua trajetória, qual seria?
''Para quem está começando, primeiramente eu aconselharia a associar-se no nosso Instituto, o qual oferece excelente suporte para os pecanicultores. Após, dentre outras, seria inteligente contratar um profissional com experiência comprovada para orientação do antes, durante e depois de todo o processo; adquirir mudas de viveiros comprovadamente responsáveis e eficazes; e ter paciência, por se tratar de um investimento de longo prazo''.
Para ilustrar, o pomar que possuo foi implantado no período 1999/ 2000, época em que poucas informações estavam disponíveis aos pecanicultores. Muitas “cabeçadas” ocorreram, que exigiram ações corretivas como, por exemplo: substituições de várias árvores (“cavalos” e quebradas), incluindo a preferência por cultivares mais atraentes ao mercado; realização de poda de formação em árvores adultas; transplante de árvores; tentativa de enxertia; controle de doenças como sarna e antracnose; redimensionamento do açude; e correção do solo.
Já, em 2018, ampliamos a área plantada em mais 2,5 hectares. “Como questão de honra, o novo pomar teve planejamento e implantação realizados seguindo as mais consagradas práticas, desde adubação de área total, orientação solar, marcação dos berços por GPS em triângulo, com distanciamento 10 m x 10 m, até o plantio de mudas selecionadas”, destaca. Também, foi preciso investir na ampliação do açude para a irrigação, ponto que considero o calcanhar de Aquiles da cultura.
Para finalizar:
Gostaria de ressaltar um aspecto muito importante percebido ao longo dos anos como produtor de pecan: a função social. “Para mim, é altamente positivo e gratificante observar que cada pomar instalado gera considerável número de pessoas empregadas direta e indiretamente, orbitando em torno da cadeia produtiva”.
Destaco, também, que, como adepto da produção do conhecimento, o pomar de nogueiras sempre esteve à disposição de pesquisas científicas, recebendo visitas dos mais distintos públicos”, dentre eles, acadêmicos da UFSM.
A cada ano que passa, nossas árvores vão crescendo e alcançando o que se espera: o estado final desejado. Ciente de que os desafios sempre se apresentarão, fiquemos alertas e atuantes às demandas, pois elas existem como em qualquer cultura.
Particularmente, consigo ver a atividade da pecanicultura além de um empreendimento, admirando o pomar como um local de paz e harmonia onde é possível se reencontrar com a natureza e aproveitar a sua beleza.
Texto e acervo de fotos: Associado Giovanni
Saiba mais sobre o ENAPecan: https://www.ibpecan.org/blog-not%C3%ADcias/categories/enapecan





















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